sexta-feira, 23 de outubro de 2009

O CHÃO DOS BARCOS




Lá fora os céus liquefeitos
tombam abruptos
dividem-se nos telhados
estatelam-se nos teus olhos

Apócrifas aves quase divinas
em poses magestáticas
lançam arrufos de ternura
desfolham-se infinitas
em silêncios sibilinos
de asas ventos e remos

Lá fora os céus coados
fingem que são chuva
e eu debruço-me
a meio da ponte
só para ver a água deste rio

o chão dos barcos



27 comentários:

Graça disse...

"Lá fora os céus coados/fingem que são chuva/"______lindo.

Magnífico poema, metáforas líquidas... palavras que navegam no mar de poesia que és.


Beijo meu

jrd disse...

Magnífico! Um espanto de metáfora.
Porque os barcos, os teus barcos, terão sempre os "pés" bem assentes.
Viva a poesia!
Um abraço

Paula Raposo disse...

Uma foto lindíssima, com não menos belas palavras! Gostei imenso...beijos.

Gabriela Rocha Martins disse...

"lá fora" o poema cria formas fidedignas ou prolongamentos "de dentro"


de TI



.
um beijo

Gabriela Rocha Martins disse...

a necessidade de (RE)ler




.
um beijo

Manuela Freitas disse...

Eu nem vou dizer nada, quem sou eu para analisar tão belo poema? Gostei e muito!...A situação chuvosa que vivemos é bastante inspiradora!...
Um abraço,
Manuela

AnaMar (pseudónimo) disse...

Uma chuva de metáforas, estrelas cintilantes num poema estrondoso. assim a tempestade implícita.
Bj

Manuel Veiga disse...

lavrador de chão(s) maduro(s). e semeador de palavras belas...

abraço, Poeta.

Anónimo disse...

Aqui dentro
recebo "arrufos de ternura"
desfeitos

Aqui dentro
"debruço-me"
para te ver
reflectido
nas águas do rio

princesa

Justine disse...

As pontes: por vezes tão frágeis!

Alberto Oliveira disse...

... por temor ou qualquer outra razão que não estava interessado em explicar a quem lhe perguntasse, nunca confiara em pontes de tal natureza.
Preferia, de longe, ter os pés bem assentes no chão... dos barcos.

Ontem, encontrei-o em Cacilhas e brinquei «Então desta vez com os pés bem assentes no chão... do chão?» Retorquiu num fósforo «Então você não sabe daquela forma de dizer "que andamos todos no mesmo barco" tenha ele chão navegável ou chão de terra batida?»

Este homem desarma-me sempre com os seus repentes cheios de lógica popular. E ninguém o convida para a tripulação deste complicado navio. À beira-mar ancorado...

Graça Pires disse...

Deitamo-nos no chão dos barcos para ouvir o silêncio das águas...
Um belo poema, Amigo.

Luís Galego disse...

nesta tarde de outono, leio e releio vários grandes poemas deste blog que é um exemplo de serviço público...

Anónimo disse...

Poeta com Dom nas palavras...

Beijos.

as velas ardem ate ao fim disse...

Este poema fez me correr as lagrimas...

um abraço

Virgínia do Carmo disse...

Flutuei neste chão...

Beijinho

Lídia Borges disse...

A água, chão do poema, barco errante...

L.B.

tulipa disse...

Embarcamos nos sonhos,
atracamos na Vida,
pela mão de um(a) Amigo(a)!

Assim me sinto quando te leio.

Esta noite podemos dormir mais uma hora, com a mudança da hora;
pois aproveito essa hora a mais, para visitar os meus amigos da blogosfera, que ando em falha.

Beijinhos.

maré disse...

este chão dos barcos
tão liquido da marés cheias.
debruço-me sobre este rio sobrevoado de aves e arrepios na pele.


______

daqui, da ria, um beijo Eufrázio

aapayés disse...

Tienes un blog precioso.. es un gusto pasar por tu espacio y disfrutarlo.. te sigo para poder visitarte con mas continuidad..

Un abrazo
Saludos fraternos..

Suerte en esta semana que inicia...

São disse...

"Os céus coados fingem que são chuva" é uma das tuas mais belas imagens.

Uma feliz semana.

© Maria Manuel disse...

um belo poema atravessado pelas águas onde fluem imagens poéticas.

Laura Ferreira disse...

Deitei-me no chão destas palavras e caíu-me a chuva no rosto.

Anónimo disse...

e nesse chão eu agradeço o imenso abraço!





sempre a admirar quem assim escreve.




beijoooooooooooooooo.



imf.
(grata)

Unknown disse...

Belíssimo poema

A fúria dos Elementos também favorece essa mistura tão querida dos apaixonados: hipersensibilidade e enlevo.
Belo.

utopia das palavras disse...

Excelente expressão poética "o chão dos barcos"

Apaixonante...o poema!

Beijo

Anónimo disse...

Navegar com as palavras, com as imagens, com os sentidos e transformar essa leitura num prazer.